“Dia garimpo”, de Julieta Barbara

“Dia garimpo”, de Julieta Barbara

[ficção]

Esgotado há mais de 80 anos, o livro de poemas de Julieta Barbara ganha nova edição pela coleção de poesia Círculo de poemas. Publicado originalmente em 1939, a obra alinha-se à estética e às preocupações modernistas: com linguagem coloquial e registros orais, perscruta temas, mitos e referências culturais brasileiras, como manifestações religiosas, músicas e danças tradicionais. Além de Dia garimpo, que teve uma única edição em 1939, o livro reúne uma carta de Raul Bopp, 3 poemas publicados em periódicos entre 1938 e 1941 e 8 poemas inéditos escritos na década de 1990. Nas palavras de Mariano Marovatto, que assina o posfácio, “ao traduzir o que era dito ‘folclore’ para uma ‘cultura erudita’, Julieta Barbara e Raul Bopp constituíram em suas obras aquilo que Celso Furtado chamou de lócus privilegiado da criação cultural modernista”.

O romance da escritora norte-americana Jacqueline Woodson centra-se sobre duas famílias negras estadunidenses que têm que se unir quando um casal de jovens, Iris e Aubrey, descobre que terá um filho ainda no colégio. Abordando também o desenvolvimento dessa história juvenil – com a vida e as relações de Melody, filha de Iris, e a referência ao massacre racial de Tulsa de 1921 –, a obra tange diferentes temas da perspectiva de uma família afro-americana: desejo sexual, identidade, ambição, gentrificação, educação, classe social, status e paternidade.

A plaquete de Luciany Aparecida traz um longo poema dividido em 11 seções. A partir da fotografia “Mulher negra da Bahia”, realizada por Marc Ferrez em 1885 (que vem replicada nos versos das capas e orelhas), o poema estende o olhar àquela mulher da fotografia em uma reflexão sobre seu porte, suas vestes e o tráfico de pessoas escravizadas. O título do poema, “macala”, é palavra da língua ronga, falada em algumas partes de Maputo, Moçambique, e carrega dois significados: carvão; pessoa de pele negra. A dupla acepção do termo é explorada ao longo de toda composição, em um jogo no qual macala é, ao mesmo tempo, o carvão aceso que queima a mão e o próprio sujeito poético, a menina raptada e afastada de sua mãe pela empresa colonial portuguesa. A plaquete faz parte do clube de assinaturas Círculo de poemas, uma parceria entre as editoras luna parque e Fósforo.

Reunião de 13 contos do escritor carioca compostos durante a pandemia. Como evidencia o título do livro, a junção entre a cabeça e o tronco percorre muitas das narrativas coligidas, com destaque para a primeira, que reúne três histórias ligadas pelo pescoço. Os contos também são marcados pela mistura de estilos, gêneros e a experimentação formal. É o caso de “Decapitação”, que flerta com a crônica ao abordar um acontecimento real; “Boxe”, que se espraia para o perfil jornalístico ao colocar no centro da narrativa o pugilista Deontay Leshun Wilder; ou “Blanka”, o retrato pandêmico de um personagem confinado que se entretém com os acontecimentos fragmentados consumíveis pela internet.

O novo livro de poemas do escritor e diplomata Felipe Fortuna, como o próprio título diz, centra-se sobre a amizade. Os poemas são agrupados em quatro eixos: “Sentimento”, com dois poemas sobre o sentimento amical; “Dizer aos amigos”, com composições que versam sobre as “amizades literárias”, como de Borges e Bioy e Drummond e Mário de Andrade; “Ler os amigos”, que aborda as amizades entre personagens literárias; e “Presença”, no qual os poemas remetem-se às próprias experiências e amizades pessoais do poeta. Como afirma Felipe Fortuna, “talvez uma das maiores mensagens do livro seja a de que a amizade é um exercício de desfrute e de crítica”.


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