Walter Benjamin e as cidades

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Walter Benjamin e as cidades
Asja Lācis e Charles Baudelaire (Arte Revista CULT/ Reprodução)
  Um autor que, à maneira dos românticos do século 18, escreveu grande parte de sua obra na forma de fragmentos. Com exceção da tese sobre o drama barroco, reprovada pela banca na Universidade de Frankfurt, sua obra se desenvolve na forma do ensaio, que permite grande liberdade para se abordar um tema de forma fragmentária. Assim são as magníficas crônicas da Infância berlinense, assim seus ensaios mais conhecidos, como “O narrador” e “Experiência e pobreza”, assim as dezoito Teses sobre o conceito de história e, em especial, o belo ensaio sobre Baudelaire, cuja publicação – que teria rendido algum dinheiro a Benjamin, na época vivendo miseravelmente em Paris – foi recusada por Adorno e Horkheimer, já refugiados nos Estados Unidos. Outra característica marcante na obra de Benjamin é seu interesse pelas cidades. A Infância berlinense é rememorada pelo autor na forma de pequenas passagens – lembremo-nos de que Passagens é o título do grande projeto inacabado de Benjamin, cujo nome foi inspirado nas galerias comerciais construídas em Paris como parte do projeto de Napoleão III de modernizar a cidade, executado pelo prefeito Georges-Eugène Haussmann – e recantos da cidade. A Berlim de Benjamin é toda descrita da perspectiva da criança míope: atenta aos detalhes, a beleza das cores, aos recantos secretos do zoológico, aos barulhos produzidos pelo trabalho doméstico no pátio interno da casa da avó. Também são as coisas pequenas, modestas, que o impressionam na viagem a Moscou, movido pela paixão por uma jovem comunista, As

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