Uma Dickinson feita de agoras

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Uma Dickinson feita de agoras
A atriz Julie Harris interpreta Emily Dickinson no espetáculo “The Belle of Amherst”, de 1976 (Foto: Divulgação)
  “Perdoem-me se estou assustada. Nunca me encontro com estranhos, e quase nunca sei o que dizer.” É com essas palavras de hesitação que uma Emily Dickinson de meia-idade, usando um singelo vestido branco e um coque apertado, apresenta-se ao público da peça The Belle of Amherst . O espetáculo estreou na Broadway em 1976, e a interpretação de Julie Harris – uma mistura de perspicácia cortante, poesia radiante e timidez aflita – rendeu-lhe um Tony Award. Agora, Hailee Steinfeld interpreta uma versão jovem, rebelde e bastante entrosada da poeta na série (disponível na Apple TV+, com dublagem para oito idiomas, inclusive para o português brasileiro). Na cena final da terceira e última temporada, concluída em dezembro de 2021, Dickinson aparece trajando uma réplica do vestido branco que a poeta usava em casa, mas, ao longo dos episódios, ela ostenta uma fabulosa variedade de trajes históricos meticulosamente trabalhados – e o seriado destaca, como o mais representativo de Dickinson, o vestido de gala vermelho, decotado, que ela usa em seus passeios de carruagem com a Morte, um jovial personagem interpretado por Wiz Khalifa. Retratos da inten­sidade, da paixão e da originalidade da poeta não são novidade. Diversas Dickinsons, enigmáticas ou prismáticas, já foram pintadas. Aliás, poucos meses antes de Julie Harris interpretar The Belle na Broadway, a poeta Adrienne Rich havia publicado seu revolucionário ensaio “Vesuvius at Home: The Power of Emily Dickinson” , que nem observa a reclusão da autora como estranheza ou doença,

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