Um dos efeitos da leitura de Freud: Lyotard, um economista libidinal

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Um dos efeitos da leitura de Freud: Lyotard, um economista libidinal
Da esquerda para a direita: Gilles Deleuze, Jean-François Lyotard, Maurice de Gandillac, Pierre Klossowski, Jacques Derrida e Bernard Pautrat, em conferência sobre Nietzsche em 1972, na França (arquivo/Centre Culturel De Cerisy)
  É difícil descrever a extensão e a importância de Georges Politzer na leitura da psicanálise freudiana para as primeiras gerações de pensadores na França no século 20. Ele foi livro de cabeceira de Georges Canguilhem; livro que guiou o jovem Jacques Lacan; que inspirou a fenomenologia francesa de Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty etc. Depois, mesmo que não diretamente, também marcou pensadores da década de 1970, como Gilles Deleuze, Félix Guattari e Jean-François Lyotard. Em Crítica dos fundamentos da psicologia (1928), Politzer inaugurou uma forma de pensar a psicanálise pela qual a obra de Freud tem um lado energético e outro guiado pelo sentido. Essa é uma divisão que Freud jamais realizou em sua obra. Na verdade, se abrirmos qualquer dicionário de psicanálise, leremos que a metapsicologia criada por Freud deve ser considerada sob três pontos: dinâmico, tópico e econômico, sendo que, obviamente, esses pontos se entrecruzam de várias maneiras. Ou seja, é Politzer que divide a obra freudiana de outra forma. Politzer, ao lado de Jean Wahl (Vers le concret ) e Gabriel Marcel (Être et avoir ), é um pensador que afronta o pensamento abstrato neokantiano tão presente nas academias francesas no início do século 20 ao tomar como lema ir em direção ao concreto. É nesse contexto que Politzer irá elogiar o trabalho de Freud: as descobertas freudianas nos levam a pensar no drama da vida humana, pois “o ato do indivíduo concreto é a vida, mas a vida singular do indivíduo singular; breve, a vida no sentido dramático da pal

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