Montanha mágica

Montanha mágica
Martin Heidegger, em 1929; Walter Benjamin, em 1925; Ludwig Wittgenstein, em 1929 e Ernst Cassirer, em1929 (Fotos: Divulgação/Todavia)
  Um livro que encara o período mais fértil na vida e na obra de filósofos como Walter Benjamin, Martin Heidegger, Ludwig Wittgenstein e Ernst Cassirer é, em si, um ato de obstinação, dada a dificuldade da tarefa, e também algo a celebrar. O alemão Wolfram Eilenberger conseguiu esse feito. No parênteses entre 1919 e 1929, “a grande década da filosofia”, entrecruzou ideias e fatos, impressões e escritos, cartas e diálogos dos quatro cavaleiros do pré-apocalipse e tirou daí um Aleph do mais profundo pensamento alemão. Mesmo quando conceitos e raciocínios parecem intransponíveis, amenizou picos e abismos epistemológicos e ontológicos com planícies biográficas onde se insinuam explicações inspiradas.   Sente-se a empolgação do autor no próprio punho da escrita, que não poupa exclamações – arroubos tipográficos e juvenis! – que destoam da complexidade grave, por vezes austera, que envolve a figura dos quatro retratados, formando um equilíbrio curioso. Com exceção do elegante e ético Cassirer, mais afeito aos seguros salões da Academia que às ruelas de Nápoles, aos escuros bosques alemães ou a escolinhas no interior da Áustria, os demais tiveram uma vida excêntrica, apaixonada e sofrida. Um dos trunfos de Eilenberger é usar os percalços e amores de cada filósofo em função de suas ideias, e não como meras anedotas. Isso porque muito do que lhes acontece, por acaso ou vontade, acaba respingando com força nos escritos. No caso de Heidegger, o retiro na Floresta Negra estava diretamente ligado a seu conceito de au

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