A revolta de Albert Camus contra a peste

A revolta de Albert Camus contra a peste
  Por que ler os clássicos?, Italo Calvino afirma que “Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha a dizer”. Atualmente, vale complementar que alguns são mais lidos em certos momentos históricos que outros. Na França, por exemplo, Paris é uma festa (1964), de Ernest Hemingway, adquiriu um súbito aumento de público após os atentados terroristas do Bataclan de novembro de 2015. Algo semelhante ocorreu com Notre-Dame de Paris (1831), de Victor Hugo, após o incêndio na catedral mais famosa do país no ano passado.  Com o surto do novo coronavírus, chegou a vez de A peste (1947), de Albert Camus, voltar ao centro das discussões, com o aumento de suas vendas em alguns países nos últimos meses. As coincidências temáticas do enredo com a atual pandemia, bem como suas reflexões sobre a condição humana e a resistência ao totalitarismo político, são alguns dos possíveis fatores que reforçam a adesão atual ao livro. Além de ser uma das grandes obras literárias do século 20, a crônica sintetiza o legado ético de um escritor famoso por ter conciliado em muitos aspectos conduta de vida e pensamento, à maneira de alguns filósofos da Grécia Antiga. Aventurando-se pelas vias do romance, Camus nos oferece uma metonímia da sua obra, inspirada em sua juventude na Argélia, análoga a sua experiência durante a Ocupação alemã na França e nutrida por reflexões presentes em seus principais ensaios filosóficos, O mito de Sísifo (1942) e O homem revoltado (1951). A leitura da peste que acomete a cidade de Orã dura

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