Por que o marxismo precisa ser feminista

Por que o marxismo precisa ser feminista
“Sozinhas não temos poder... juntas somos fortes” (1976), pôster em serigrafia (Arte: See Red Women's Workshop)
  Não acatamos esse desdém, não nos submetemos à invisibilidade, não nos resignamos com o silêncio, não nos acomodamos a, mais uma vez, não ser parte ou ser a parte infantilizada e, portanto, tutelada, da democracia. Verónica Gago, A potência feminista Quando acusamos algum autor ou movimento de ter ignorado as pautas feministas, quando protestamos contra o apagamento das mulheres na história da política, da ciência e da literatura, quando nos recusamos a aprender uma história contada por aqueles que reclamaram para si e unicamente para si o direito de contá-la, de conduzi-la e de transformá-la, escutamos: “ora, ele era um homem de seu tempo” e “naquela época, as mulheres não participavam dessas esferas”. Mas o que significa ser um “homem de seu tempo”, o que quer dizer “pertencer ao próprio tempo”? Significa herdar desse tempo todas as limitações? Não há nada mais matusalênico do que defender que alguém foi “um homem de seu tempo”. A expressão é uma violência dupla, pois é condescendente com a violência do passado e a reafirma no presente. Responder à pergunta “por que o marxismo precisa ser feminista?” é também refletir sobre uma forma diversa de pertencer ao próprio tempo. Por isso, vale começar lembrando que não é novidade a defesa de unificar as lutas marxista e feminista . Ela já estava presente na época dos “homens de seu próprio tempo”. Mas a concretização desse objetivo enfrenta obstáculos persistentes. As dificuldades, que se iniciam com o não reconhecimento pelo próprio Marx do pa

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