Por que eu gosto de Melanie Klein

Edição do mês
Por que eu gosto de Melanie Klein
(Foto: Hans A. Thorner/ Wellcome Collection)
  Parte da dificuldade em aceitar e compreender os textos kleinianos vem do fato de abordarem sentimentos humanos difíceis de serem aceitos, como a inveja, a agressividade e o ciúme, ligados aos medos e desejos de devo­rar, expelir, dominar e ser dominado pelo outro. Melanie foi descrevendo fielmente o que ouvia, via e observava ao tratar crianças pequenas e pacientes psicóticos. “Embora o visual poético não possa ser atribuído ao estilo literário de Melanie Klein, energeia, termo antigo dos manuais de retórica que se refere à qualidade de colocar o que é descrito vividamente diante dos olhos do ouvinte, é uma qualidade essencial de sua linguagem”, nas palavras de Gordana Vulevic. A qualidade de Melanie Klein em descrever o que descobria a partir de sua prática clínica permitiu-nos compreender os complexos conceitos teóricos que criou e desenvolveu. “M. Klein superou parcialmente os problemas com as palavras, usando intuitiva e espontaneamente uma linguagem que tinha o poder de gerar a imagem do mundo interno, que é característico dos estágios iniciais de desenvolvimento”, complementa Vulevic. Uma crítica muito comum à teoria kleiniana é a de superestimar as fantasias inconscientes em detrimento das influências do meio ambiente. Contudo, ela dá bastante importância à capacidade de percepção da realidade objetiva, levando a corrigir ou incrementar as fantasias destrutivas – o que consiste em um dos aspectos de saúde mental e um dos critérios a serem observados ao término de análise. “As circunstâncias externas desemp

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