A política brasileira explicada pelo irrealismo

A política brasileira explicada pelo irrealismo
  Na democracia, não manda quem tem juízo, mas quem tem mandato. A democracia não é um sistema projetado para que governe o melhor, mas quem ganha a eleição. Não é eleito quem merece vencer, mas quem consegue mais votos. Na democracia, em suma, não bastar estar certo, é preciso ser popular. Isso deveria ser bastante para que as pessoas temperassem com uma considerável dose de realismo as suas expectativas sobre o regime democrático. E para impor uma perspectiva realista sobre eleições democráticas e o que delas resulta. Um realismo são e consequente deveria fazer as pessoas entenderem que, em regimes democráticos, ganhar eleições não é menos importante do que ter princípios, conseguir mandatos no Executivo e no Legislativo não é menos relevante do que ter razão, convencer a maioria dos eleitores não é menos necessário do que ter superioridade moral. Isso não quer dizer que adotar princípios elevados e defender causas orientadas por valores reconhecidamente universais sejam desimportantes e que se possa produzir democracias consistentes e sociedades dirigidas ao bem comum por meio do vale-tudo, em que os comportamentos na disputa política são julgados apenas em função do êxito ou do fracasso eleitoral. O realismo político é uma coisa, a Realpolitik, a prática política do qual são drenados princípios e valores até que nada reste a não ser estratégia e táticas, é a sua degradação. Esse ultrarrealismo levaria à posição parodiada por uma fala célebre de Groucho Marx: “Esses são os meus princípios, e se você

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