Pequeno glossário foucaultiano

Pequeno glossário foucaultiano
O filósofo francês Michel Foucault (Reprodução)

 

Arqueologia

Termo usado durante os anos 1960 para descrever sua abordagem da escrita da história. Ela diz respeito ao exame dos traços discursivos deixados pelo passado de modo que escrevesse uma “história do presente”.

 

Biopoder

Trata-se de uma tecnologia que surgiu no final do século 18 para administrar as populações. Incorporando elementos do “poder disciplinador”, o biopoder diz respeito ao controle de nascimentos, mortes, reprodução e enfermidades de uma dada população.

 

Cultura

Segundo A hermenêutica do sujeito, a cultura descreve uma “organização hierárquica de valores, acessível a todos, mas que, ao mesmo tempo, é a oportunidade para se manifestar um mecanismo de seleção e exclusão”.

 

Descontinuidade

Princípio que, assim como os de ruptura e diferença, mina as noções filosóficas da essência imutável da história, como “homem” e “natureza humana”. A descontinuidade desafia as noções de causa, efeito, progresso, destino e influência na história.

 

Dispositivo

Designa as estruturas do conhecimento e os vários mecanismos institucionais, físicos e administrativos que propiciam e mantêm o exercício do poder dentro do corpo social.

 

Heterotopia

Em oposição à utopia – espaço do virtual –, heterotopia significa um espaço apartado das instituições social e institucional cotidianas: manicômios, prisões, cemitérios.

 

Normal e patológico

A sociedade é baseada em noções médicas de norma, e não em noções legais de conformidade aos códigos e à lei – por isso os criminosos precisam ser “curados”. Há tensão insolúvel entre um sistema baseado na lei e outro em normas médicas.

 

Pan-óptico

Conceito do filósofo Jeremy Bentham do fim do século 18, agrupava celas em torno de uma torre de observação central e foi usado como modelo para instituições como prisões. Para Foucault, é a metáfora do poder e da vigilância na sociedade.

 

Verdade

Algo que “acontece” e é produzido por várias técnicas, e não algo que existe previamente, aguardando para ser descoberto. Foucault não quer “contar a verdade”, mas estimular as pessoas a terem elas mesmas uma experiência particular.


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