É preciso dizer ‘eu te amo’

É preciso dizer ‘eu te amo’

 

Por Sandra Modesto

Não basta ser pai.

É preciso dizer “eu te amo”

Mas não é fácil. Admito sem qualquer hipocrisia que os homens foram e ainda são criados para não chorar. Considero medieval esta postura de um pai que não abraça, não beija, não elogia. Se for o pai de meninos, no máximo levar ao estádio de futebol. De menina, uma proteção machista de que “na minha filha” ninguém põe a mão. Como se a tese de proteção de pai fosse cumprir uma ordem meramente ditatorial.

Meu pai teve cinco filhas. Um dia vi meu pai chorar. Entendi ali que ele era humano, tinha sentimentos, fragilidades. Pai que desaba é muito forte.
Pai que não paga pensão, não. É pai que não ama.

Muitas histórias reais e adversas nesse complexo mundo do papel de ser pai. O desafio de ser mãe e pai ao mesmo tempo. De ser pai sozinho. De ser pai separado e fazer questão de ser pai presente.

O que move os sentimentos paternos são as possibilidades do amor, do coração que bate forte ao pegar os filhos e filhas pela primeira vez. Olhar nos olhos de quem está diante de si e que a partir daquele momento, terá que ser caminhado junto para sempre.

Cabem aos pais diversas possibilidades.

Por que não o – “vem me dê à mão, o medo existe, mas a gente consegue. Brincar de faz de conta. Romper as armaduras destruidoras do amor, da ternura, do afago”…

Porque pai carrega sim muitas dores, pai é desafinado com essas novas formas de amar. Mas basta dizer um “eu te amo”. E tudo fica tão gostoso. Não fossem as preocupações por ora apresentadas. Como embalar tanta carência diante de uma humanidade muitas vezes perversa?

Há que ter cuidado, pai, o país que você vai deixar aos seus pequeninos pode deixar sequelas, por isso é tão importante à leitura de mundo. A doçura do abraçar diariamente.

Paternidade é uma palavra praticada no amor.

Sandra Modesto, 58, é mineira de Ituiutaba, graduada em letras, filha de Carlos Modesto, o pai que nunca deu uma “fraquejada”

 

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