Os rastros da verdade

Os rastros da verdade
(Foto: Arte Revista Cult)
  Se a cultura abrange tudo o que os seres humanos criam, em contraste com a natureza, que os humanos não criaram, mas transformaram, a semiótica é predestinada a estudar os produtos da cultura, por ela ser a ciência dos signos e ter como premissa que todos os objetos de cultura são signos. Com efeito, a semiologia estruturalista dos anos 1970, de Roland Barthes, Umberto Eco, Algirdas Greimas e outros pensadores, definia-se exclusivamente como um estudo de cultura, ou como “uma ciência que estuda a vida dos signos no seio da vida social”, nas palavras de Ferdinand de Saussure, em seu primeiro curso de Linguística Geral, em novembro de 1908.  Há quem acredite que os produtos das diversas culturas se interpõem entre nós e os objetos da realidade que eles pretendem representar. Como testemunhas, recorrem ao mito da Torre de Babel, evento primordial responsável pela diversidade das línguas e que impede a comunicação direta entre os povos das diferentes culturas. Sem a confusão babilônica dos signos verbais, não precisaríamos dos semioticistas para nos traduzirem os signos, que formam, por assim dizer, véus ideológicos que se interpõem entre nós e as coisas reais, tornando-as opacas. Com base em premissas como essa, a tarefa da semiótica seria desvendar as coisas, tirar o véu entre nós e o mundo, para assim obtermos acesso e conhecimento diretos sobre os produtos da cultura em sua verdadeira essência.  Entretanto, esses críticos, que lamentam a falta do acesso direto, são vítimas da saudade romântica da coisa em si – a nostalgi

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