O país da política

O país da política
  Durante os jogos olímpicos do Rio de Janeiro, o apresentador da Rede lobo Luciano Huck foi assistir a uma partida de vôlei, com sua família, no Maracanãzinho. Ao conceder uma entrevista ao canal SporTV, sua imagem apareceu no telão do estádio e provocou uma vaia veemente por parte da plateia. Questionado sobre o motivo da vaia por um repórter da Folha de S.Paulo, logo em seguida ao episódio, o apresentador comentou: “Acho que tem a ver com a situação que o país passa”. No final de maio deste ano, algumas semanas após a admissibilidade pelo Senado do processo de impeachment da então presidenta Dilma Rousseff, a atriz Fernanda Torres relatou, em sua coluna na Folha, que estavam “excomungando minha família e meus antepassados na rede por conta da defesa do Ministério da Cultura feita por minha mãe”. E, ato contínuo, arrematou: "Foi-se o tempo em que os artistas eram vistos como defensores do bem, do bom e do justo”. Os dois episódios têm um caráter exemplar. Eles mostram uma transformação importante na relação entre sociedade, mídia, entretenimento, cultura e política no Brasil. Fundamentalmente, a novidade é esta: nenhuma categoria profissional, nenhum lugar social está a salvo de ser avaliado por sua atuação política. O compromisso com a cidadania, a responsabilidade social passa a ser alçada, pelo menos para uma parte significativa dos setores médios (que frequentam estádios nas olimpíadas e fazem comentários nas redes sociais de uma atriz de televisão), a um valor superior, que não é anu

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