O orador das multidões

O orador das multidões
Padre Antônio Vieira por Cândido Portinari (Reprodução)
  Maior orador sacro da língua portuguesa, o padre Antônio Vieira (1608-1697) é tema de dois lançamentos. Organizado pelo professor de literatura brasileira da USP Alfredo Bosi, Padre Antônio Vieira – Essencial (Cia. das Letras/Penguin) reúne suas peças cruciais, como o “Sermão da Sexagésima” e o “Sermão de Santo Antônio aos Peixes”, além de uma seleção de suas cartas e de A Chave dos Profetas. Na entrevista abaixo concedida à CULT, Bosi fala das contradições que percorrem a poderosa oratória de Vieira e destaca a defesa simultânea tanto dos índios quanto do processo colonizador e também suas justificativas para o tráfico negreiro e a escravidão. O ensaísta relembra seu primeiro contato com a obra do jesuíta e comenta sua atualidade. O outro livro, pela mesma editora, é Antônio Vieira, do historiador da Universidade Federal Fluminense Ronaldo Vainfas. Em ambas as obras, porém, o “imperador da língua portuguesa” avulta com uma das personalidades mais complexas e contraditórias de nosso período colonial. CULT – Quando começou seu interesse pela obra e pela figura de padre Antônio Vieira? Alfredo Bosi – A primeira vez em que ouvi a expressão “estalo de Vieira”, não a entendi literalmente (eu era menino), mas tive a intuição de que se tratava de algo insólito, um acontecimento repentino, impressionante. Mais tarde, cursando as aulas de literatura portuguesa no colegial, o professor nos leu uma passagem da biografia de Vieira em que se conta o episódio que deu origem à expressão. O adolescen

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