Memento mori

Memento mori

 

Lugar de Fala é o espaço dos leitores no site da Cult. Todo mês, artigos enviados por eles são publicados de acordo com um tema. O de março de 2021 é “luto”


Luto, substantivo masculino, significa sentimento de tristeza profunda pela morte de alguém; como verbo, significa travar luta, combater, resistir.

Para os estoicos, o luto envolve uma preparação de vida, com o exercício constante do memento mori – “lembre-se de que você irá morrer”. A prática não tem como função diminuir o impacto da morte, da perda… Pelo contrário! Lembrar da morte é o primeiro passo para valorizar a vida de modo que o luto reforce a importância da luta cotidiana pela qual todos passam.

No entanto, é comum, para muitos, ver a morte como algo que se encontra em um futuro distante. Mesmo aqueles de nós que decidem viver aceitando a mortalidade podem ser culpados disso. Pensamos na morte como um evento que acontece conosco. É estacionário – seja qual for a data em que acontecerá – e estamos avançando nessa direção, lenta ou rapidamente, dependendo da nossa idade e saúde.

Sêneca acreditava que essa era a maneira errada de pensar a morte, que era uma visão equivocada que possibilitava muitos hábitos ruins e uma vida ruim. Em vez disso, disse ele, a morte era um processo – está acontecendo conosco agora. Estamos morrendo diariamente, disse ele. Mesmo enquanto você lê este texto, está passando um tempo que você nunca mais receberá de volta. Esse tempo, disse ele, pertence à morte.

Poderoso, certo? A morte não está à distância. Está conosco agora. É o ponteiro dos segundos do relógio. É o sol poente. Conforme a flecha do tempo se move, a morte segue, reivindicando cada momento que passou. O que devemos fazer sobre isso? A resposta é: viva! Viva enquanto pode. Não coloque nada fora. Não deixe nada inacabado. Agarre-o enquanto ainda pertence a você.

Lucas Casemiro Brizon, 23, é professor de
Filosofia em São José dos Campos, SP

 

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