ManiFesta dos “condenados ao moderno”

ManiFesta dos “condenados ao moderno”
Viva vaia, poema concreto de Augusto de Campos (Reprodução)
  O inimaginável aconteceu. Há 30 ou 40 anos, o vaticínio era pelo fim dos manifestos. Tais textos foram identificados, décadas atrás, como uma verdade absolutizada, expressão de projetos que o modernismo jamais foi capaz de realizar. Ao contrário, era preciso incluir tudo, ser multi, contraditório, absorver todas as vertentes. Os ensaístas marxistas sustentavam, conforme suas posições e históricos, que o pós-moderno e seu “ecletismo” deveriam ser objeto de desconfiança (Fredric Jameson) ou que o próprio projeto modernista ainda não havia extraído de si todas as consequências (Jürgen Habermas). Entre essas duas posições havia matizes ou então a adesão contente: pintores voltavam a pintar depois que a arte conceitual proclamou o “fim da pintura”; escultores redescobriam formas do passado. No filme A barriga do arquiteto, de Peter Greenaway (1987), o personagem principal, um estadunidense de sobrenome Kracklite, pretendia organizar uma exposição sobre Étienne-Louis Boullée (século 18) que, não obstante a diferença temporal, foi reverenciado por Adolf Hitler e Albert Speer na megalomania fascista da década de 1930. A maldisfarçada admiração de Kracklite pelo triunfalismo edificado na era dos césares combina-se com a crescente deterioração de si, em meio a especulações de que sua esposa o estaria envenenando. Para não dar spoiler, paro por aqui, retendo apenas a metáfora. Em um curso de pós-graduação em Letras que comecei e não terminei, durante os anos 1980, um colega particularmente encantado por sonetos in

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