Se o Brasil não parar, seremos um velório com caixão fechado

Se o Brasil não parar, seremos um velório com caixão fechado
(Reprodução)

 

Lugar de Fala é o espaço dos leitores no site da Cult. Todo mês, artigos enviados por eles são publicados de acordo com um tema. O de abril de 2020 é “quarentena”


Há muito que se discutir sobre as medida de nos prevenir do novo coronavírus. O isolamento social é a principal prevenção para a atual situação do nosso país. Não podemos fingir que ela vai ter um fim imediato, portanto é necessário sermos cautelosos diante desse cenário.

As ruas estão tomadas de pessoas, os comércios funcionam normalmente, como se fosse um dia normal. Fui ao mercado e de fato não parece que estamos passando por uma pandemia.

Na maioria das vezes vejo pessoas questionando a única medida que temos como prevenção.

Temos somente duas alternativas: uma vida semi-restrita ou totalmente restrita. É óbvio que não podemos parar os serviços essenciais, mas temos empresas funcionando, trabalhadores que poderiam ser poupados se expondo de uma forma absurda. O Brasil tem que parar, ou seremos um velório com caixão fechado.

E tem mais. A má informação tem sido uma das armas contra o respeito ao isolamento social. A Covid-19 não é uma “gripezinha”. Precisamos entender de início que, a diferença de uma para a outra é que a maioria das pessoas tem imunidade suficiente para uma gripe normal, mas não estamos preparados para enfrentar um novo vírus, do qual só sabemos o que a mídia divulga.

Essa virose não se cura com remédios analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e muitos menos remédios caseiros. Não há vacina contra esse vírus, é tudo muito inédito, ele ainda é desconhecido, está sendo estudado por biólogos de todo o mundo, ou seja, se você se infectar você vai morrer, não há como dizer com outras palavras, essa é a nossa realidade atual.

Precisamos ficar atentos a todo e qualquer tipo de informação divulgada. Cuidado para não sermos influenciados por reportagens ou entrevistas com quem não entende do assunto. Leiam jornais, se informem. Não deem nenhuma credibilidade para declarações contrárias a medidas de isolamento. Esse esforço precisa começar por nós, aliás, por nós e por todos os profissionais da saúde, que por sua vez estão na linha de frente no combate ao novo coronavírus.

Nesse momento, o que mais nos ataca é a dúvida. “Será que vai acabar?”, “ficar em casa é mesmo a melhor maneira?”, “por que eu tenho mesmo que seguir essas regras se não sei o que pode acontecer amanhã?”

A única certeza é que, em outros países, essa alternativa aparentemente evitou a disseminação para todo o território. Não é hora de fazer o queremos e sim seguir medidas que nos coloquem em segurança. Não podemos mais uma vez criar dois lados em um país cujo inimigo é invisível. Temos que reconhecer o sacrifício de cada pai e mãe de família e cobrar políticas públicas que assegurem nosso direito de ficar em casa, para nos manter seguros. Esse momento não é simples, não é fácil, mas é necessário.

 

Laiela Santos é escritora e militante do Movimento Feminista Negro

 

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