Hierarquias da cultura

Hierarquias da cultura
O sociólogo Pierre Bourdieu (Martine Franck/ Magnum Photos)
  Bourdieu construiu pilares fundamentais para o estudo sociológico da cultura e da arte, a partir da aplicação dos conceitos de “campo” e de “habitus” a diversas esferas de criação simbólica, como a alta-costura, a fotografia, as artes plásticas e a literatura. No pólo da criação artística, Bourdieu questionou a crença no “gênio”, ou seja, a idéia de que um artista possa produzir de maneira isolada, guiado apenas por sua inspiração individual. Propôs que, para se compreender a gênese de uma obra, sejam levadas em conta as relações do artista no campo de produção simbólica a que pertence, bem como os constrangimentos sociais e materiais a que está submetido. Já no pólo da recepção, pôs em xeque a idéia de que as diferenças nas atitudes e escolhas do público se devam a faculdades sensoriais e predisposições naturais – o “bom ouvido”, o feeling e assim por diante. Por meio de pesquisas empíricas, o autor demonstrou que as preferências estéticas estão relacionadas, antes, à origem familiar, ao grau de instrução e à posição socioeconômica dos indivíduos. Um sociólogo de inspiração bourdieusiana interessado em compreender o papel e a poética de determinado criador irá reconstituir o percurso biográfico, intelectual e profissional de seu objeto de estudo, mapeando suas relações com outros agentes do ”campo” e seus investimentos ao longo da vida. Bourdieu chamou esse procedimento metodológico de “estudo de trajetória” e, em Razões práticas, definiu-o da seguinte maneira: “diferentement

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