Freud e o narcisismo

Freud e o narcisismo
Freud em seu escritório em Viena, em 1937 (Foto: Reprodução)
  O conceito de narcisismo foi articulado e sistematizado pelo discurso freudiano em 1914, no ensaio intitulado “Introdução ao narcisismo”. Contudo, em seu percurso teórico, Freud já apresentava o conceito em 1910 e 1911, no ensaio intitulado “Uma lembrança de infância de Leonardo da Vinci” e na leitura psicanalítica do “Caso Schreber”, respectivamente. No entanto, se anteriormente o discurso freudiano já enunciava o conceito, o que se destacou como novidade no ensaio de 1914 foi a inscrição dessa categoria na totalidade da teoria psicanalítica, como indica o título desse ensaio em francês, “Para introduzir o narcisismo”. Para problematizar assim o conceito de narcisismo em psicanálise, o discurso freudiano retirou-o do registro da perversão como estaria estabelecido pelo discurso sexológico como perversão narcísica, ao transformar o narcisismo num tempo crucial da construção do sujeito. Com efeito, a problemática do narcisismo foi o meio pelo qual Freud concebeu o conceito do Eu em psicanálise, que até então era uma simples palavra sem nenhuma especificidade teórica, da qual Freud se valeu desde o “Projeto de uma psicologia científica” (1895) como herança da psicologia clássica. Portanto, ao problematizar o conceito de narcisismo como caminho teórico para enunciar a leitura psicanalítica do Eu no sentido estrito, o discurso freudiano realiza um passo decisivo, para se deslocar da primeira tópica, estabelecida no capítulo VII de A interpretação dos sonhos (1900) – no qual o psiquismo teria três registros

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