entrevista | “Direitos podem se transformar em pequenas ditaduras pessoais”

entrevista | “Direitos podem se transformar em pequenas ditaduras pessoais”
(Foto: Luc Fachetti)
      Em meio a uma grande radicalização da vida social e política, a psicanalista e historiadora francesa Elisabeth Roudinesco chama a atenção para o excesso de reinvindicações identitárias, para a emergência de um pensamento retrógrado mundial, assim como para as contribuições de Freud para a compreensão de nossa atualidade. Veja trechos em vídeo ao final da entrevista.   O eu soberano: ensaio sobre as derivas identitárias é seu último livro publicado no Brasil (Zahar). São abordados temas de grande atualidade, complexos, delicados, sujeitos a debates apaixonados. Como esse livro foi recebido? Foi um grande sucesso. Com uma imprensa entusiasmada, exceto, evidentemente, pelo jornal Le Figaro, de direita. Com as redes sociais foi diferente. Em um programa diário de TV, por exemplo, eu disse que havia uma epidemia de crianças transgênero, no sentido de que há um número enorme de casos. Organizações trans e homossexuais trataram como se eu tivesse comparado o transgênero a um vírus. Recebi muitas ameaças. Os cartazes de rua de divulgação do meu livro foram pichados, um deputado ameaçou recorrer ao mais importante órgão de regulamentação de comunicação audiovisual da França. Não deu em nada, porque queriam que eu fizesse um pedido de desculpas público, o que recusei. Recebi muitos ataques dos dois extremos, principalmente da extrema-direita. As ameaças não pararam. A direita considera que, na França, todas as universidades estão tomadas por textos com derivas identitárias, que eles chamam de Woke

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