“O Brasil precisa superar uma matriz de memória apequenada”

“O Brasil precisa superar uma matriz de memória apequenada”
(Foto: Tomaz Silva)
  Primeira mulher negra a dirigir o Arquivo Nacional, a historiadora Ana Flávia Magalhães fala à Cult sobre memória e política arquivística sob a perspectiva da cidadania e dos direitos humanos. Nesta entrevista, ela ressalta a necessidade de a historiografia reconhecer sujeitos plurais na formação do país e do trabalho de recuperação do maior arquivo público do Brasil após denúncias de censura durante o governo Bolsonaro Em 185 anos de história, é a primeira vez que o Arquivo Nacional é dirigido por uma mulher negra – que também foi a primeira professora negra do departamento de História da UnB. O que isso representa para uma instituição de salvaguarda e divulgação da memória do país? Em termos individuais e coletivos, a presença de uma mulher negra na Direção-Geral do Arquivo Nacional, como titular do cargo, pela primeira vez em 185 anos, pode ser lida pelo menos de duas formas. A primeira evidencia que racismo e sexismo, como eixos estruturadores de nossa sociedade, têm produzido padrões de desigualdade que forçaram a naturalização da exclusão ou da sub-representação de mulheres negras em postos de prestígio, embora esse seja o maior segmento populacional no Brasil se considerarmos os recortes de gênero e raça. A segunda aponta para uma promessa ou possibilidade de alguma alteração dessa matriz de sociabilidade. Digo promessa ou possibilidade porque a presença de uma mulher negra num panorama de 185 anos esmagadoramente ocupado por homens brancos merece ser celebrada, mas não entendida como a garantia de que a transforma�

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