Em boa companhia crítica

Em boa companhia crítica
Clarice Lispector na década de 1930, Rio de Janeiro (Acervo Paulo Gurgel Valente)
  “…tive verdadeiro choque ao ler o romance diferente que é Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector, escritora até aqui completamente desconhecida para mim”. Com essa franca declaração aos leitores da coluna semanal “Notas de Crítica Literária”, que manteve entre 1943 e 1945 no jornal Folha da Manhã, Antonio Candido saudava, em 16 de julho de 1944, o raiar de Clarice Lispector no panorama literário brasileiro. Antes dele, Sergio Milliet e Álvaro Lins também já haviam notado a complexa sensibilidade da escritora estreante. Em 15 de janeiro daquele mesmo ano, Sergio, em artigo publicado em O Estado de S. Paulo, haveria de se referir a ela por meio de um qualificativo que se tornaria famoso – “de nome estranho e até desagradável, pseudônimo, sem dúvida” –, do qual a própria autora lembrar-se-ia em sua última entrevista, concedida em 1977 ao jornalista Julio Lerner para a TV Cultura de São Paulo. Em fevereiro de 1944, seria a vez de Álvaro Lins descobrir o talento para a literatura da então jovem jornalista ucraniana naturalizada brasileira. No artigo “A experiência incompleta: Clarice Lispector”, publicado no Jornal de Crítica, ele observa: “O que se deve fixar, antes de tudo, em Perto do coração selvagem, será exatamente aquela personalidade da sua autora, a sua estranha natureza humana (...)”. A partir de então, a obra da autora passou a lograr uma recepção crítica das mais fecundas nos estudos literários brasileiros, sendo objeto de análise não somente de artigos em jornais, como também de textos

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