Do valor da lucidez em tempos obscuros

Do valor da lucidez em tempos obscuros
Jovens da Opera Nazionale Balilla, organização juvenil do fascismo italiano (Reprodução)
  O novo livro de Marcia Tiburi, Como conversar com uma fascista, que a editora Record ora está fazendo chegar às livrarias de todo o país, tem um subtítulo provocador e bastante enfático, que aponta para a envergadura filosófico-política da empreitada: reflexões sobre o cotidiano autoritário brasileiro. Reunindo 67 textos de extensão variável, dos quais parte considerável foi publicada na coluna que ela mantém na CULT, a obra se propõe a examinar algumas das principais questões ligadas à esfera da cultura política que nos circunda hoje, quando “o autoritarismo cresce e aparece”, de acordo com as palavras da própria autora. O desafio a que filósofa se lança com muita desenvoltura é o de refletir sobre assuntos polêmicos, difíceis, rugosos, densos, de modo franco, sem cortejar o discurso acadêmico no que ele tem de protocolar e maneirista, embora ela mantenha o tempo todo o rigor na apresentação das ideias e no desenvolvimento de sua exposição. Assim, a autora reivindica que a filosofia contemporânea recupere o lugar ético-político que já ocupou por meio de um exercício dialógico com o leitor comum: “Eu poderia escrever a palavra ‘ética’ para me referir à esfera psicológica que antigamente era chamada de moral. Hoje, usamos o termo ‘ética’ para falar dessa questão, mas justamente enquanto a moral é o que se questiona por meio da ética. Quando pergunto como alguém se forma, como alguém se torna o que é, e como é, estou na esfera da ética”. Em todos os textos, Marcia defende a ideia de que a política é uma

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