Como podemos entender o outro? 

Como podemos entender o outro? 
(Arte Revista Cult)
  Em um texto escrito há mais de cem anos, o pensador C. S. Peirce avançou em ideias sobre a comunicação que poderiam ter sido escritas amanhã. Isso não aconteceu por acaso. O esplêndido edifício teórico que ele construiu durante meio século – a semiótica – descreve a base orgânica necessária, em constante evolução, sobre a qual se dão a circulação e a troca de signos na vida e, assim, a faz funcionar. O método que desenvolveu para fundamentar a teoria da significação é o pragmaticismo, o qual, com modéstia, explicou em The Essential Peirce: Selected Philosophical Writings, volume 2: “Não é uma tentativa de determinar a verdade das coisas”, porque só serve para “descobrir os significados de palavras difíceis e de conceitos abstratos”.  Sobre o conceito “comunicação”, poderíamos dizer o que já foi dito por Santo Agostinho a respeito do tempo: se ninguém perguntar, sabemos, mas se quisermos explicar a quem faz a pergunta, já não saberíamos o que dizer. É admirável que uma pessoa isolada do mundo moderno, que morou no final de sua vida afastado da vida da metrópole, tenha analisado de modo tão luminoso o processo que explica o complexo funcionamento da comunicação em nosso tempo.  Há dois modelos históricos mais influentes que procuraram explicar a comunicação nas mídias, e ambos caíram na armadilha do dualismo, a filosofia que, conforme nos alertou Peirce, “realiza suas análises com um machado que deixa como elementos derradeiros pedaços de ser sem relação alguma”. Dois são os modelos hist

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