Clarice Lispector na imprensa brasileira

Clarice Lispector na imprensa brasileira
Clarice Lispector entrevista Elke Maravilha para a revista Fatos & Fotos, da Bloch Editores, dezembro de 1976 (Arquivo Aparecida Maria Nunes)
  Você sabia que Clarice usava pseudônimos? A pergunta veio ao final da entrevista que realizei com Otto Lara Resende, já na porta de saída do escritório do jornalista no Rio de Janeiro, no início dos anos 1980, quando nos despedíamos. Provocativo e em tom de leve sarcasmo, diante de minha surpresa, disse que não iria me contar nada, que eu iria descobrir com certeza. Por aquela ocasião, eu iniciara minha pesquisa sobre o percurso de Clarice Lispector na imprensa brasileira e resgate dessa produção. Havia pouca informação a respeito, e Clarice ainda não era fenômeno de mídia, apesar de cultuada por uma elite. E eu ainda não tinha noção do tamanho do desafio. Também não podia confiar nos depoimentos deixados pela escritora. Clarice não conseguia precisar datas nem mencionava com exatidão jornais ou revistas para os quais trabalhou. Uma passagem da entrevista que Clarice concedeu ao Museu da Imagem e do Som (MIS/RJ), em 20 de outubro de 1976, ilustra bem esse dilema e dá a dimensão do problema que teria de enfrentar. Quando Marina Colasanti perguntou o nome do jornal para o qual Clarice fora trabalhar, depois que decidiu não advogar, mesmo ainda com o curso de Direito por concluir, a entrevistada mencionou o jornal A Noite, esclarecendo que fazia de tudo, menos crime e nota social. Lembrou-se ainda de outro jornal: o Diário da Tarde. Nesse ponto, Affonso Romano de Sant’Anna aproveitou o gancho para saber se ela também fazia todas as seções no Diário da Tarde. Clarice respondeu que não. Que fazia uma página feminina, assinando c

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