“Arbeit Macht Frei”: Brasil, 2020

“Arbeit Macht Frei”: Brasil, 2020
  “ a morte dos nossos companheiros teria parecido mais injusta se pudéssemos prever que aquele fascismo que havíamos combatido, que nos reduzira a escravos, que nos marcara como gado, estava derrotado, mas não morto, e se transplantaria de país a país.” Primo Levi, “Um passado que acreditávamos não mais voltar”   Em 18 de dezembro de 2009, a placa de ferro fixada pelos nazistas na entrada do complexo de Auschwitz, na Polônia, foi roubada. A escrita “Arbeit Macht Frei”, ali colocada pelos alemães em 1940, foi encontrada três dias depois pela polícia polonesa no norte do país. Os cinco homens acusados do roubo foram presos e, apesar das evidências de que agiam pagos por alguém que encomendara o delito, assumiram a culpa. O episódio teve repercussão significativa na imprensa mundial e, naquela ocasião, os jornais recuperaram um artigo do escritor italiano Primo Levi, que tinha como título a inscrição do portão de entrada do Lager. O texto, publicado pela primeira vez em novembro de 1959 pelo periódico Triangolo rosso, veículo da Associação dos Ex-deportados Italianos, vinha mais uma vez a público para questionar o significado daquelas três palavras: em tradução livre, “o trabalho liberta”. A evocação do artigo de Levi, naquele momento, era importante para compreender o significado daquele roubo: o químico italiano, de origem judaica, passou onze meses, entre fevereiro de 1944 e janeiro de 1945, como prisioneiro no campo de trabalho e extermínio de Monowitz (Auschwitz 3). Sobrevivente, transformou-se em um dos

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