A esperança ressurge

A esperança ressurge
(Foto: Arte Revista Cult)

 

Lugar de fala é o espaço dos leitores no site da Cult. Todo mês, artigos enviados por eles são publicados de acordo com um tema. O de novembro de 2020 é “eleições”.


Saíram os resultado das tão esperada eleições municipais. Depois das conturbadas votações dos últimos anos, esta corrida municipal foi um pouco mais tranquila e diferente, por causa da Covid-19, pelo menos na cidade de 208 mil habitantes de Sete Lagoas, no interior de Minas Gerais.

O desfecho do 1° turno do pleito eleitoral de 2020 traz uma mensagem. Em Sete Lagoas, por exemplo, das 17 cadeiras do legislativo, quatro serão ocupadas por mulheres, o dobro da última legislatura. E isso não é uma exceção da cidade, que se localiza a 70 km de Belo Horizonte, mas algo recorrente em todo o Brasil.

A população do país é formada, em sua maioria, por mulheres e negros. Porém, isso não se reflete em cargos políticos, tendo em sua totalidade homens e brancos. A conclusão dessa primeira disputa eleitoral nos mostrou que os brasileiros querem mudanças.

O primeiro avanço foi em relação às candidaturas, que tiveram recordes de pessoas negras e mulheres. E isso teve uma consequência: de acordo com DeltaFolha, em comparação com 2016, os negros somavam 29% dos eleitos no primeiro turno, esse ano foram 32%.

Cresceu o número de mulheres, negros, transexuais, travestis, quilombolas, pessoas com deficiência, mandatos coletivos e indígenas eleitos. É a classe política ficando mais parecida com a sociedade brasileira contemporânea.

Temos consciência da importância de ver em jornais notícias como: “a primeira vereadora negra de Curitiba”, “professora trans é a mais bem votada em Belo Horizonte” ou “indígenas e quilombolas estão conseguindo chegar ao poder”? É uma luta da qual todos saem ganhando.

A relevância de ter uma Câmara Municipal mais plural, que tenha na sua composição partidos de ideologias diferentes, pensamentos divergentes e pessoas distintas, faz parte e é essencial para uma democracia. A comunidade ganha muito quando as portas do legislativo e executivo se abrem para a diversidade. Ainda é só o começo, o Brasil está engatinhando para um caminho de grandes mudanças e políticas mais igualitárias, transformações que a nação anseia há muito tempo.

Depois de períodos tão conturbados, presenciar essa movimentação ressurge dentro de nós uma esperança que já estava um pouco esquecida. Que venham mais e mais políticos que apoiem e se comprometam com toda essa população continental, de diferentes hábitos e costumes, que o nosso país tem.

Sérgio Fraga, 30, é jornalista em Sete Lagoas, MG.

 

 

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