A escolha é falar de política

A escolha é falar de política
(Arte Andreia Freire/ Revista CULT)
  “Nossas independências foram feitas por poetas”, ouvi do escritor angolano Kafalaf Epalanga. “Eles sabem o poder de plantar ideias na cabeça de alguém, por isso escritores são perigosos.” Um argumento, exposto em segundos, que iluminou minhas perguntas sobre o próximo período. Os 45 dias anteriores, de campanha eleitoral, somados aos três meses de pré-campanha, haviam sido de entrega a uma candidatura negra, periférica, popular, de esquerda. O cenário para o Executivo era tão assustador, que me empenhei no Legislativo, batalhando com o movimento negro de São Paulo por uma cadeira na Câmara Federal. Foi quase. Dói muito ter batido na trave e os mais de 46 mil votos terem sido insuficientes para garantir uma quarta vaga ao PSOL. Os 31.718 do candidato do PSL foram o bastante para ser puxado por um dos filhos do Coiso. A vontade de só falar sobre isso é enorme. Mas meu candidato já foi exposto demais. Respira e lembra que com Taliria Petrone, eleita pelo Rio de Janeiro, e Áurea Carolina, por Minas Gerais, teremos um pequeno quilombo no Congresso. Que vai se expandir. Porque estamos vivas. E fortes. Foi expressiva, aliás, a votação de mulheres negras. Érica Malunguinho, mulher trans preta, que pariu a Aparelha Luzia, eleita deputada estadual por São Paulo. Leci Brandão reeleita. No Rio, também na assembleia estadual, três assessoras de Marielle Franco serão diplomadas deputadas: Mônica Francisco, Renata Souza e Daniela Monteiro. O jogo está virando. E sempre soubemos que não seria de um dia para o outro. O Executivo foi co

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