Dossiê | A arte como inscrição da violência

Dossiê | A arte como inscrição da violência
Vertical 9 da série Marcados 1980-1983, Claudia Andujar / Galeria Vermelho, São Paulo
  Este dossiê pretende apresentar diferentes abordagens da produção contemporânea das artes visuais do ponto de vista de sua relação com a inscrição da violência. Para tanto, convidei colegas que têm se destacado ultimamente na reflexão sobre essa questão. Visando dar certa unidade ao dossiê, enviei a todos a seguinte proposta: “A proposta deste dossiê é a de refletir sobre o tema da inscrição da violência nas artes. Ele se volta sobretudo para o fenômeno das sociedades pós conflitos políticos intensos, como as pós-totalitárias e pós-ditaduras militares. A proposta é refletir sobre esse movimento que acontece nas artes contemporâneas, no sentido de assumir para si a tarefa, considerada aqui como impossível e necessária, de inscrever uma memória do mal em meio a uma sociedade cada vez mais marcada por um ethos pós-histórico, pela onipresença de imagens e a ilusão da superação da profundidade histórica. A ambiguidade do genitivo do subtítulo do dossiê é proposital; “Resistência da memória em uma era pós-histórica”. A memória resiste ao apagamento das práticas políticas de violência, mas também existe uma resistência à memória do mal. É como se nos despedíssemos reiteradamente da Modernidade, de suas promessas, de sua violência, mas também de sua capacidade crítica. Nesse contexto, perguntamo-nos se as artes procuraram abraçar esse momento crítico, esse espaço de questionamento do que está aí. A metamorfose da arte em discurso mnemônico seria uma resposta a esse abandono da história, da tradição e do

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